segunda-feira, 22 de junho de 2009

Caos legitimado



Enfim, o STF se manifestou sobre a questão da obrigatoriedade de diploma para a prática do jornalismo. A questão se arrastava há anos e foi definida na última semana pelo Tribunal. E foi de goleada! Por oito votos a um, os ministros decidiram que não há necessidade de se concluir um curso superior para fazer jornalismo. Os argumentos para os que votaram contra o diploma variaram. Foram desde "Liberdade de Expressão" até comparações esdrúxulas com outras atividades profissionais.


Sou contra a decisão. Por mais que o ato de escrever possa ser considerado uma arte - escrevi sobre isto no post inaugural deste humilde blog - não se pode ignorar algumas normas básicas no processo de transmitir a informação. Por sinal, há uma diferença considerável entre transmitir uma informação e emitir uma opinião. Mas Gilmar Mendes e cia. não conseguem enxergar isso.
Na prática, porém, acredito que pouca coisa mudará para aqueles que já atuam na área. Muitos não-jornalistas trabalham em redações. Economistas, ex-jogadores de futebol, cozinheiros etc. têm colunas em grandes jornais e portais. E todos eles são muito mais bem remunerados do que a grande maioria dos que possuem diplomas. Não entendo, sinceramente, o motivo para a celeuma que se instalou em algumas dessas empresas. Sempre foi assim. Talvez a esperança de que as coisas melhorassem para a classe tenha ido pro espaço. Só isso justifica a revolta.


Como consequência imediata, posso apostar numa relevante diminuição do interesse pelo vestibular para Comunicação Social. Perfeitamente compreensível. Pra que passar quatro anos atrás de um diploma que não vale praticamente nada? Na outra mão da questão - a otimista - acredito que as escolas de Comunicação se reinvetem e se tornem - realmente - um diferencial para os que pretendam ingressar no ramo. Descartar a importância da Academia em qualquer atividade é, no mínimo, precipitado. Mas confesso que não trocaria os anos de estágio por algumas aulas que tive na PUC.


O tempo vai se encarregar de responder outras questões pendentes. Mas, como jornalista, posso dizer que o golpe foi muito mais moral do que qualquer outra coisa. E bola pra frente.

2 comentários:

  1. Foi muito bom o Obsarvatório da Imprensa de ontem. O Dines, que aliás é parceirão do teu amigo Tabak, está indignado!

    E depois de muito refletir, também estou. Não cabe aqui minha explicação, talvez num chope.

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  2. Po, eu vi só finzinho... Topo o chope.

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